quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A teimosia obstinada e irracional é algo que vai além do patético. Negamos até a última instância que somos teimosos, mas parando para pensar quem está livre da teimosia? Certamente até mesmo aqueles ditos "menos ousados" ousam sim ficar presos a suas idéias mesmo que seja mentalmente, mesmo que não tenham coragem para expressá-las. Daí para frente tentamos de todo jeito e a cada oportunidade dar um jeito de mostrar como nosso pensamento é mais lúcido, correto, ou até mesmo afirmar o velho e delicioso "eu te disse!!!"

É gostoso estar certo a respeito de algo não? O problema é quando esse certo prazer desprentensioso vira regra para satisfazer aquela perversidadezinha pontiaguda e famigerada que tem dentro de cada um de nós... o monstrinho vai crescendo, crescendo e a coisa vai saindo do nosso controle e depois sequer percebemos como estamos tratando as pessoas a nossa volta. Parei pra pensar sobre isso hoje, mas resisto ao fato de ter permitido ser devorada pelo meu monstrinho interior.

Imagem : www.corbis.com

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Costurando os pedaços da vida

Me apaixonei por artes bem cedo. Também das artes rebuscadas, fruto de uma inspiração e execução tão perfeitas que a poucos cabe empreender. Falo com mais ênfase aqui da arte de juntar pedaços de coisas soltas e diversas e tentar achar uma nova forma. A manga de uma blusa, a perna de uma calça... recorta aqui e ali e de repente forma-se uma coisa nova, com nome, sobrenome e funcionalidade. Um pedaço de ferro, um parafuso e uma lata de tomate que viram uma escultura... Pensando um pouco sobre isso pensei que cada um de nós deveria se ver como o artesão da sua vida... Tenho aqui no meu balaio uma perna de linha de desilusão, um pedaço de alegria, outro tanto de inventividade... bom e o ruim costurados a esmo pela vida. Só que pensei aqui que cabe a nós a arte de combinar os retalhos ou peças e montar a nossa arte... se deixarmos apenas a vida decidir talvez não consigamos transformar o velho no novo, talvez não consigamos pegar um pedaço de nós que já não brilha por falta de uso e fazer com que possa brilhar de novo... com tanto que acontece na nossa vida, cada um de nós poderia se considerar rico em materia prima para a arte que queremos fazer com a nossa existência. Eu quero muito buscar em mim o que já brilhou, mesmo que por um segundo e, se não posso mais fazer brilhar do jeito que idealizei, que brilhe que outro jeito, que seja reinventado, re-adaptado, recosturado... MAS QUE BRILHE...

Escultura em ferro, vidro e osso - Carlos Tenius